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A Europa, enfim, com as cores de Paris

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  Fundado em 12 de agosto de 1970, o Paris Saint-Germain nasceu da fusão entre o Paris FC e o Stade Saint-Germain, com o objetivo de trazer à capital francesa um clube de futebol à altura de sua grandeza cultural e histórica. Ao longo das décadas seguintes, o PSG construiu sua identidade entre altos e baixos, mas também com momentos marcantes, especialmente para os torcedores, que viram nomes brasileiros como Raí - considerado o maior ídolo do clube - e Ronaldinho Gaúcho encantarem o Parc des Princes com seu talento exuberante. Entretanto, o ponto de inflexão mais emblemático aconteceu em 2011, quando a Qatar Sports Investments (QSI), comandada pelo sheik Nasser Al-Khelaïfi, adquiriu o Paris Saint-Germain. Com essa mudança de direção, iniciou-se um projeto ambicioso, alimentado por investimentos financeiros massivos e o objetivo de colocar o time no topo do futebol mundial. O impacto foi imediato: clube passou a dominar o cenário nacional com títulos consecutivos da Ligue 1, Copas ...

Crystal Palace campeão e o valor além da taça

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  Nas últimas décadas, a importância das conquistas no futebol se resumiu, quase que unicamente, ao grau da competição. É claro que vencer um título continental, por exemplo, tem mais peso que um estadual - isso se analisarmos de maneira isolada o esporte e desconsiderarmos os laços e as relações ali presentes; com o tempo aprendi que o tamanho de um título quem mede é o torcedor, e o Crystal Palace mostrou o isso no último dia 17. Fundado em setembro de 1905 na cidade de Londres, o clube é tradicional no cenário inglês, embora nunca tenha sido vencedor. Antes dessa temporada, possuía em sua galeria apenas dois títulos da segunda divisão nacional e um da terceira, além de campeonatos regionais. A torcida ficou calejada nesses 119 anos, em que o time acumulou diversos rebaixamentos, crises financeiras, poucas campanhas de destaque e vice-campeonatos.  A paixão pelo Palace foi sendo passada de geração em geração, e todas elas tinham algo em comum: não viram uma conquista de expr...

O futebol raiz como resistência à elitização

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  O futebol brasileiro, de início, não nasceu do povo e para o povo; ao contrário, foi concebido pelas camadas mais altas da sociedade. Mas não demorou muito para que a bola chegasse ao asfalto quente, na terra batida das periferias, nos campos improvisados onde os chinelos e latas amassadas eram feitos de trave. É nesse ambiente que o talento brota da necessidade, que vive o verdadeiro futebol raiz. Essa paixão contagiante virou uma herança de pai para filho, e o palco em que esse sentimento se encontrava com a história era a arquibancada popular, principalmente a lendária geral do Maracanã. A geral não era meramente um setor do estádio: era um símbolo de pertencimento. Era o lugar onde o povo se fazia presente, onde a emoção se vivia com os pés no concreto e a alma no jogo. Um ingresso barato permitia que o trabalhador, o ambulante, a costureira, o estudante da rede pública pudessem sentir o gol com a mesma intensidade de quem ganhava milhões para estar em campo. Era suor, era gr...

"E se...?" : Seleção Brasileira de 1982

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  Independentemente do momento, é de praxe que o Brasil chegue na Copa do Mundo como um dos principais candidatos ao título, e na edição de 1982 não foi diferente: aquela Seleção encantava a todos que a assistiam e é considerada por muitos como a melhor que já tivemos. Mas o que deu errado? A fábrica brasileira de craques vivia grande fase nos anos 80. Muitos talentos despontavam no período e o genial técnico Telê Santana teve a famosa "boa dor de cabeça" na hora da convocação. A formação tática do time era um 4-2-3-1: Waldir Peres no gol; Luizinho e Oscar na zaga; Falcão e Cerezo no meio campo; mais avançados, Éder, Zico e Sócrates; o centroavante era Serginho. Outros excelentes jogadores como Roberto Dinamite, Júnior e Edinho ainda faziam parte desse qualificado plantel. Após vencer Inglaterra, França e Alemanha em uma excursão pela Europa, as expectativas não poderiam estar mais altas para o Mundial de 82, realizado na Espanha, ao ritmo de "Voa Canarinho". No gru...

Esquadrões do Futebol: Cruzeiro 2003

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  Dando início a uma nova seção do AVF, este é o primeiro texto do "Esquadrões do Futebol", que falará sobre times marcantes do Brasil e do Mundo. O escolhido da vez é o Cruzeiro de 2003, campeão da até então inédita Tríplice Coroa. Na década de 90, não faltaram taças na Toca da Raposa. O clube mineiro faturou Libertadores, Recopa Sul-Americana, Copa de Ouro, Supercopa Libertadores, Copa do Brasil. Mesmo acostumado a vencer dentro e fora do país, o Cabuloso não conquistou títulos de expressão no começo dos anos 2000, o que fez com que a diretoria reforçasse em peso o elenco para a temporada de 2003: o artilheiro colombiano Aristizábal, Deivid, Edu Dracena, Mota e Zinho foram algumas das principais contratações, mas a peça chave era Alex. Maestro de um time repleto de craques, Alex não só ajudava na distribuição de assistências com sua grande visão de jogo como também tinha faro de gol. Aposta do técnico Vanderlei Luxemburgo, o meia foi decisivo na vitoriosa temporada, que com...

Os inseparáveis Futebol e Samba

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  Dentre os vários elementos que compõe o que conhecemos como "popular", dois em especial têm lugar privilegiado nessa lista: o futebol e o samba. Apesar de suas origens bem distintas, eles por aqui caminham juntos desde sempre. O início do esporte no Brasil se deu por volta de 1890, com o desembarque de ingleses que traziam consigo bolas e as regras do jogo. Permaneceu pelos primeiros anos restrito à elite branca da época, mas o fato de ser teoricamente fácil de se praticar fez com que se popularizasse pelas várzeas e alcançasse negros e mestiços, socialmente marginalizados. Enquanto o futebol ainda engatinhava no começo do século XX, paralelamente no Rio de Janeiro nascia o samba, estilo musical e de dança afro-brasileiro. Ao contrário de seu "irmão", seu surgimento é 100% popular e antes de se tornar um símbolo da cultura brasileira, passou por muitos estigmas, frutos do racismo fortemente presente naquele tempo. Ao passo que o povão ia utilizando desses dois ele...

"E se...?" : Adriano Imperador

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  Esse é o primeiro texto da coluna "E se...?" do AVF, onde escreverei sobre grandes figuras do futebol que, por diferentes motivos, tiveram que encerrar a carreira precocemente ou não conquistaram tudo que poderiam. Para os analistas pragmáticos, Adriano Leite Ribeiro. Para os fãs descontraídos, o Didico. Para todos, o Imperador. Nascido e criado na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, ali mesmo ele já sabia que a vida seria uma grande provação. A bola, um simples brinquedo, foi capaz de, ainda na infância, mudar toda a sua trajetória. O futebol é uma grande ferramenta na vida de crianças moradoras de comunidades e dos mais carentes, e foi praticando esse esporte que Adriano se destacou, mais especificamente no futsal do Flamengo. Os profissionais do clube que atuavam nas categorias de base (dentre eles Carlos Alberto Torres) logo notaram seu potencial e o transferiram para o campo, onde passou a atuar na função de atacante.  Muito forte fisicamente e com uma pesada perna esque...

Botafogo e Racing: a redenção em 2024

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  O futebol sul-americano nos reservou dois belos enredos no ano de 2024. Botafogo e Racing conquistaram o topo das Américas e, cada um à sua maneira, superaram uma série de adversidades nos últimos 25 anos antes alcançarem esse posto. Começando pelo lado brasileiro da história, o Glorioso vinha de um jejum de quase 30 anos sem títulos expressivos. Nessa trajetória até o ano passado, levantou 5 campeonatos cariocas e teve raras campanhas de destaque nas principais competições do país e do continente, além de três quedas para a segunda divisão. Em 2021, uma luz no fim do túnel: inesperadamente, o empresário americano John Textor surge como interessado na compra da Sociedade Anônima do Futebol do Botafogo. A notícia empolgou a torcida de maneira imediata, pois isso significaria não somente a quitação parcial ou total das dívidas, mas também um pesado investimento financeiro no esporte do clube. Retornando para a Série A no ano seguinte, o negócio foi sacramentado e começava ali o div...

Fernando Diniz e seu ego interminável

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O ser humano é orgulhoso por natureza. Obviamente, cada indivíduo tem suas crenças e opiniões e irá defendê-las sempre que confrontado. Mas até que ponto é coerente manter esses pensamentos imutáveis e engessados? Ex-jogador, Fernando Diniz ganhou os holofotes pela primeira vez em 2019 no Fluminense. Mesmo com um elenco limitadíssimo, o futebol apresentado pela equipe chamou a atenção: estilo "sem chutão", com as jogadas começando de pé em pé com o goleiro, jogadores trocando rapidamente de posição e a valorização da posse de bola. O "Dinizismo", no meio pro final daquele ano, começou a não surtir mais efeito e os resultados negativos culminaram na sua demissão. Importante frisar que mesmo tudo indicando que essa saída fosse necessária, a decisão não partiu dele, o que se mostrava ser um pequeno sinal da sua personalidade (exageradamente) forte. Ainda em 2019, Diniz assume o São Paulo e termina o campeonato de pontos corridos na sexta posição. Já na temporada 2020/2...